quarta-feira, 13 de junho de 2012

Teatro de Bali





O espetáculo de teatro de Bali, mistura de dança, canto e pantomima - e um pouco de teatro como o entendemos aqui - restitui, conforme processos de eficácia comprovada e sem dúvida milenares, ao seu destino primitivo o teatro, que ele nos apresenta como uma combinação de todos esses elementos amalgamados sob o ângulo da alucinação e do medo.
É notável que a primeira das pequenas peças que compõem esse espetáculo, que nos apresenta as censuras de um pai à filha rebelde contra as tradições, começa por uma entrada de fantasmas, ou, se quiserem, os personagens, homens e mulheres, que vão servir ao desenvolvimento do tema dramático mais familiar, aparecem no começo, em seu estado espectral de todo personagem de teatro, antes de permitir que as situações dessa espécie de esquete simbólico evoluam. Aqui, de resto, as situações são apenas pretexto. O drama não evolui entre sentimentos, mas entre estados de espírito, esses mesmos ossificados e reduzidos a gestos - esquemas.

Antonin Artaud

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